quinta-feira, 5 de julho de 2007

XIII Bienal Internacional do Livro do R.J.

Bienal Internacional do Livro do Rio

Nesta quinta-feira, às 12h, começa a grande festa do livro. O Riocentro será palco da XIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que reúne 950 expositores e o número recorde de 326 autores, sendo 21 estrangeiros, em 133 sessões literárias. O evento vai até o dia 23 de setembro e, pela primeira vez, presta homenagem a escritores vivos: o brasileiro Ariano Suassuna e o colombiano Gabriel García Márquez, que completaram 80 anos recentemente. Ambos serão tema de palestras e fóruns de discussão.

Outra novidade é o lançamento de novos espaços dentro da Programação Cultural: o Botequim Filosófico, que vai estimular a reflexão sobre temas diversos com a descontração do clima de barzinho; e a Esquina do Leitor, ambiente de debates que possibilitará a participação interativa do público através de votação eletrônica.

Site Oficial - http://www.bienaldolivro.com.br Riocentro - Av. Salvador Allende 6.555 - Barra da Tijuca; Tel: 21. 3431-4000

Horário de funcionamento:
13 de setembro........12h às 22h
14 de setembro......... 9h às 23h
15 de setembro.........10h às 23h
16 de setembro.........10h às 22h
17 de setembro.......... 9h às 22h
18 de setembro.......... 9h às 22h
19 de setembro.......... 9h às 22h
20 de setembro...........9h às 22h
21 de setembro.......... 9h às 23h
22 de setembro.........10h às 23h
23 de setembro........ 10h às 22h

Ingressos - Estão à venda pelo site www.ingresso.com.br ou pelos telefones: 4003-2330(*) - capitais e regiões metropolitanas - 023 11 4003-2330 - demais localidades
Preços - R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia-entrada para estudantes e idosos acima de 60 anos) Desconto aos estudantes do Ensino Fundamental, Médio e Superior que comprovem estas condições mediante a apresentação de: identidade estudantil com foto, dentro do seu período de validade ou outro documento que comprove a condição de estudante acompanhado de carteira de identidade).
Menores de 1,20 metro não pagam.
Passaporte Bienal no valor de R$ 50,00 - válido para todos os dias do evento. Promoção - Em cada compra de valor igual ou superior a R$ 50,00 (cinqüenta reais) no mesmo estande, o cliente tem direito a um "reembolso promocional" equivalente ao valor do ingresso pago (entrada inteira - R$ 10,00 / meia-entrada R$ 5,00), mediante apresentação do ingresso.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Entrevista com Angeli


Ele garante que não tem o hábito de ler quadrinhos. Prefere ouvir música. “Às vezes, fico pensando se sou mesmo do ramo”, diz o cartunista Angeli, entre risos. Como se fosse possível duvidar. Arnaldo Angeli Filho nasceu em São Paulo em 1956 e já aos 14 anos ensaiava os primeiros traços de uma longa história no universo dos quadrinhos. Desfiar uma galeria de personagens marcados pelo humor anárquico e urbano é sua especialidade desde os anos 80. Agora, ele vive a experiência de ver alguns deles saltarem das tirinhas dos jornais para as telas do cinema na animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll. Entusiasmado com o lançamento do longa, Angeli conversou com o Portal.



Portal Veja São Paulo - Como é ver seus personagens “viajarem” dos quadrinhos para uma vida literalmente "animada" no cinema?

Angeli - Minha formação é papel, jornal. A visão que eu tenho sobre meu trabalho é sempre a impressa. Foi uma surpresa receber o convite para ceder meus personagens para um longa de animação. Fiquei bastante cauteloso porque o traço do desenhista é uma espécie de caligrafia. Tinha muito medo dessa minha marca ser adulterada. Mas eles acertaram a mão. Além disso, já conhecia o Otto Guerra de outros trabalhos, temos amigos em comum, somos da mesma geração e temos uma visão parecida sobre esse comportamento dos anos 70 e 80. Achei que ele era o cara exato.

Portal Veja São Paulo - No longa, o personagem Wood dá um salto de 30 anos no tempo e se vê gordo, casado e pai. Tem idéia de onde ou como vai estar daqui a 30 anos?

Angeli - Na verdade, já dei esse salto (risos). Vivi tudo o que está no filme. Especialmente essa experiência de ter que se encaixar em novos tempos, se enquadrar numa época que não foi moldada apenas pela minha geração. Meu gosto musical, por exemplo, mostra que não parei no rock dos anos 70. Escuto coisas novas, com elementos eletrônicos. A música ajuda a gente a perceber o movimento da sociedade. É preciso peneirar muita coisa, claro. Cada geração tem um monte de besteira, lixo, coisas idiotas, pensamentos errados.

Portal Veja São Paulo - O senhor não se prende ao passado, então?
Angeli - Eu utilizo o passado. Sou virginiano, carrego um baú de memórias. Tenho como base de qualquer trabalho minha trajetória e de minha geração, mas sou crítico. Isso me leva a uma constante reformulação. Não quer dizer que com 50 anos eu deva usar bermudão e cabelo rastafári. Seria ridículo. Reformular é usar as idéias no tempo e no lugar certo.

Portal Veja São Paulo - Há muito do Angeli em seus personagens?
Angeli - Se juntar todos, dá o autor. Meu trabalho é quase autobiográfico. Mesmo os personagens que aparentemente não têm nada a ver comigo ou que perambulam pelas tiras com menos ênfase, de alguma forma, fazem parte da minha vida. Há também os exageros que eu acrescento, saladas de histórias minhas com as dos meus amigos.

Portal Veja São Paulo - Como avalia seu trabalho e a relação dele com São Paulo?
Angeli - A cidade, sem dúvida, é a marca do meu trabalho. Todos os personagens que fiz têm a cara dessa metrópole. Uma época eu publiquei a Rê Bordosa na Itália e fiquei com medo de ser um personagem muito brasileiro, que expressasse problemas típicos daqui. A editora de lá me disse que era bobagem porque na Itália existiam os mesmos problemas, comuns a qualquer cidade grande. Meus personagens são urbanos, enfim. Quando desenho prédios, viadutos...tenho São Paulo como inspiração.

Portal Veja São Paulo - Essa metrópole se apresenta ironicamente no roteiro do filme como cruel, individualista, consumista. Ainda há espaço para "paz & amor", luta por ideais?
Angeli - Tenho a impressão de que está tudo muito certinho, definido: o bem e o mal, a direita e a esquerda, todos dão bênçãos ao mercado que rege o planeta. A gente precisa de um pouco de anarquia. O Wood & Stock foram criados numa época em que nada disso era moldado. Na minha época, quem ouvia rock era um ser execrável. Hoje as mães querem que os filhos toquem rock... Para ganhar dinheiro, claro (risos). Isso me deixa cansado. Mas ainda há esperança, sim.

Portal Veja São Paulo - O que achou da ressurreição da antológica Rê Bordosa no longa?
Angeli - É uma ressurreição torta. Ela é um zumbi no filme. Contamos a história de sua morte, ela revive no Instituto Médico Legal. Eu nunca vou ressuscitar a Rê Bordosa e gostei do que fizeram com ela no roteiro. Aliás, a parte mais acertada foi a forma como eles a trataram: um personagem zumbi que participa, e todos sabem que ela está morta. É fantástico.

Portal Veja São Paulo - Sucesso de público no Anima Mundi, vencedor do concurso do Ministério da Cultura para filmes de baixo orçamento... Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll pode virar produto comercial de sucesso?
Angeli - Nem sempre o que faz sucesso são as coisas aceitas pela sociedade. É possível ter um discurso anárquico dentro de um produto comercial. Nem sempre se consegue, mas é uma tentativa. Quero trabalhar para todo mundo, não só para um gueto. Não tenho medo do filme se transformar num sucesso comercial porque ele tem um discurso fora do óbvio. A sociedade avança com isso.

Portal Veja São Paulo - Para encerrar: sexo, orégano ou rock’n’roll?
Angeli - Nessa fase da minha vida, sem dúvida, o orégano (risos). Se vier acompanhado de queijo, melhor ainda!